Com mais investimentos em renda variável e melhor governança, entidades fecharam o ano com superávit de R$ 8 bi em 2020.
Os fundos fechados de previdência complementar terminaram o ano passado com superávit de R$ 8 bilhões, no primeiro ano de saldo positivo desde 2013, segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). A saída do vermelho está ligada à ampliação dos investimentos dessas entidades em renda variável , como ações, diante da queda dos juros.
Além disso, contribuíram para o resultado global melhorias na governança das fundações, principalmente as ligadas a estatais, que concentram o maior patrimônio do setor, após uma série de escândalos. No entanto, mudanças recentes nas diretorias dos maiores fundos de pensão do país, a Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), e da Funcef (da Caixa) trouxeram de volta o fantasma da ingerência política.
Pandemia abalou contas
Depois de um 2019 neutro, o ano de 2020 começou mal para os fundos, com déficit de R$ 59 bilhões em março, no início da pandemia. Em junho, o déficit recuou para R$ 22 bilhões. Mas, a partir de novembro, com a recuperação do mercado financeiro, os números passaram para o azul.
Dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) mostram que a renda variável correspondeu a 20,4% dos ativos dos fundos em 2020, contra 19,6% no anterior, e 18,5% em 2018.
“Com a Selic a 3,5% ao ano, eles têm que migrar para a renda variável. Na época em que a Selic estava em 14%, isso não era tão necessário. Acho que investir na renda variável é positivo, até mesmo para o país. É o motor do desenvolvimento. Mas traz, sem dúvida, um risco maior e exige gestão mais atenciosa“, diz Joaquim Rubens Fontes Filho, professor de Governança Corporativa da Ebape/FGV.
O professor de Finanças do Insper, Michael Viriato, observa que a substituição dos planos de benefícios definidos, em que o participante tinha direito a receber um valor fixo ao se aposentar, pelos de contribuição definida também contribuiu para a melhora da saúde financeira dos fundos.
“Os problemas vêm mais de metas atuariais, que considerando as taxas de juros atuais e o ambiente de mercado são mais difíceis de manter. No passado, investimentos que podem ter sido fraudulentos trouxeram prejuízos enormes. Isso tem reflexos até hoje”, afirma.
Fonte: Brasil Econômico iG