Custo seguiu alto para linha de crédito pré-aprovada, uma das poucas opções a que empreendedores tiveram acesso durante a pandemia do novo coronavírus.
O retrato de dois momentos durante a pandemia do novo coronavírus mostra que os juros do cheque especial praticados pelos bancos às micro e pequenas empresas caiu 3%, enquanto a taxa básica de juros foi reduzida em mais de 30%.
O levantamento é da empresa Capital Empreendedor, especializada em indicação de crédito para PMEs, com base em dados do Relatório Semanal de Juros do Banco Central. São médias móveis de 5 dias, terminando na data escolhida.
O recorte da pesquisa reflete as tarifas nesse método referenciadas em 10 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde classificou o surto de Covid-19 como uma pandemia, e 1º de junho deste ano.
A variação de março para junho da taxa Selic foi de 4,25% para 3% ao ano (convertido, seria algo em torno de 0,34% para 0,24% ao mês). Os níveis bancários não acompanham por conta das políticas de risco de crédito que cada instituição adota.
“Os bancos acabam preservando sua rentabilidade com um spread maior, devido a uma potencial inadimplência crescente devido à pandemia. A única forma dos cinco bancos se comportarem de outra forma seria por meio de um aumento da concorrência”Juliano Graff, sócio-fundador da Capital Empreendedor e coordenador da pesquisa.
Destaque fica com o Banco do Brasil. Na primeira janela, a instituição tinha taxas de 13,46% ao mês. Na segunda, de 14,59%, juros 8% maiores no segundo momento da pesquisa.
Dentro do time dos cinco maiores bancos, o Itaú Unibanco teve taxas 3% maiores. A média passou de 13,29% para 13,71% ao mês.
Bradesco e Santander reduziram sensivelmente os juros. O primeiro cortou 3%, de 14% para 13,65% ao mês. O segundo, apenas 1% – de 13,88% para 13,78% ao mês.
A única redução expressiva, em linha com a Selic, foi constatada no banco BMG. O banco forçou uma queda de 37% nas taxas do cheque especial para empresas, com taxas que passaram de 8,99% para 5,67% ao mês.
A reportagem do G1 procurou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os cinco principais bancos brasileiros para comentário.
A federação diz apenas que “mesmo com o aumento do risco nas operações de crédito e a expectativa de aumento expressivo da inadimplência, que já se refletiu na forte elevação das provisões, as taxas de juros e os spreads bancários recuaram.”
O Banco do Brasil diz que monitora constantemente as taxas de juros dos produtos de crédito para pessoas físicas e jurídicas e que pratica taxas equivalentes às dos demais bancos do mesmo porte.
“As informações disponibilizadas pela Autoridade Monetária são consolidadas em grupos de produtos e a sua intensidade de uso, bem como prazos, condições e relacionamento do cliente, modificam os patamares de preços médios mesmo que o Banco não tenha alterado os patamares de taxas de juros”, diz em nota.
O Itaú Unibanco afirma que não aumentou as taxas de juros para pessoas físicas, micro, pequenas e médias empresas desde o início da pandemia e que a comparação de taxas em um período tão curto “pode induzir a conclusões equivocadas”.
“O banco tem oferecido condições inéditas de alongamento de prazos, carências e renegociações para seus clientes. Em relação especificamente à taxa de juros do cheque especial, houve queda entre os meses de março e maio, sendo esta queda nominalmente maior do que a queda da taxa Selic no mesmo período.
O Bradesco afirma que tem acompanhado a redução da Selic em suas principais linhas de crédito. “É importante observar que o cheque especial é uma linha para ser utilizada em situações emergenciais, pois é uma linha de curto prazo, de simples contratação, sem garantias adicionais e com limite pré-aprovado”, diz o banco em nota.
A Caixa não respondeu aos contatos até o fechamento da reportagem.
Fonte: G1