Um dia antes de o país lembrar os 17 anos de impunidade da Chacina de Unaí, quando quatro servidores do então Ministério do Trabalho foram executados em uma fiscalização de rotina em Minas Gerais, uma ação simultânea em 23 unidades da federação resgatou 145 pessoas da escravidão contemporânea – número que ainda pode subir.
A “Operação Resgate“, desencadeada na segunda (27), reuniu Polícia Federal, auditores fiscais do trabalho do Ministério da Economia, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União. Minas Gerais foi o Estado com mais resgates, seguido de Goiás e do Mato Grosso do Sul.
Desde 1995, quando o Brasil reconheceu diante das Nações Unidas a persistência de trabalho escravo, quase 56 mil pessoas foram resgatadas por grupos de fiscalização com a participação dessas instituições. A diferença, desta vez, foi a realização de uma operação simultânea nas cinco regiões do país, tanto na área urbana quanto na rural, incluindo o serviço doméstico.
Cinco pessoas foram resgatadas em Pernambuco trabalhando em um parque de diversões.
No Mato Grosso do Sul, 25 trabalhadores indígenas Guarani Kaiowá que estavam em alojamentos precários atuavam na catação de pedras, raízes e ervas daninhas para limpeza da área para a soja. Dentre eles, quatro adolescentes entre 14 e 16 anos.
Entre os Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, 11 foram encontrados no garimpo de caulim.
Duas empregadas trabalhadoras domésticas foram resgatadas no Rio de Janeiro, uma delas tendo permanecido 41 anos em cativeiro, sendo roubada até no auxílio emergencial – que era sacado e embolsado pelos patrões.
Em Minas Gerais, 28 pessoas, dos quais dois adolescentes, foram libertados em atividades como carvoaria, produção de cerâmica e lavoura de café.
Um trabalhador idoso no Paraná era explorado há mais de 15 anos.
Uma equipe em Goiás encontrou um homem trabalhando há, pelo menos, 15 anos tendo, como pagamento, apenas a moradia. Outra equipe no mesmo Estado libertou 24 pessoas de plantações de laranja. E sete foram resgatados por uma equipe de auditores do Distrito Federal em Cristalina (GO).
No Tocantins (16) e no Pará (3), trabalhadores foram encontrados em condições degradantes.
Dos sete resgatados no Rio Grande do Sul, dois eram pessoas com deficiência trabalhando na plantação de fumo.
Em São Paulo, 13 trabalhadores bolivianos foram libertados de uma oficina de costura. E ocorreu o resgate de duas pessoas no comércio da cidade litorânea de São Sebastião.
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