Após luta histórica dos trabalhadores para estabelecer a igualdade de oportunidades na categoria bancária, tivemos boas notícias nos últimos dias: a indicação de duas mulheres no comando da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, Maria Rita Serrano e Tarciana Medeiros, respectivamente.
Tarciana será a primeira mulher a assumir a presidência do Banco do Brasil, e trabalha na diretoria de clientes desde 2021. E Rita Serrano, que irá assumir a presidência da Caixa, atua como conselheira eleita pelos empregados do conselho de administração desde 2014.
A atuação dos bancos públicos é fundamental para combater a crise econômica, a volta da inflação e os índices recordes de endividamento. É urgente estabelecer o protagonismo dos bancos públicos na concessão de crédito e a liberação de depósitos compulsórios com garantia de aplicação em áreas prioritárias. Sabemos que são um importante instrumento de política econômica e de promoção ao desenvolvimento econômico e social.
Ter duas mulheres à frente dessas entidades, reforça também a luta no combate ao preconceito. Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens. Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários. 78% das bancárias têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 73%.
Em seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade, os bancos apresentam algumas informações que ilustram a desigualdade com a qual as mulheres são tratadas nestas instituições. Essa desigualdade também inclui os trabalhadores negros. De acordo com dados do censo da categoria bancária, as pessoas pretas nos bancos são apenas 3,4% e as pardas apenas 21,3%. Em relação à remuneração, as mulheres negras nos bancos recebem o equivalente a apenas 58% do que recebem os homens brancos. Dentre os cargos de liderança na categoria bancária os homens brancos ocupam 40,8% destes, enquanto as mulheres brancas ocupam 36,5%. A participação dos negros em cargos de liderança não chega a 20%. Na categoria bancária são 156 mil pessoas com deficiência (3,4% da categoria).
Fonte: SP Bancários – Por Ivone Silva