O governo avalia vender parte de sua fatia no Banco do Nordeste (BNB) dentro da estratégia de seu programa de desinvestimentos. A União, porém, não tem intenção de abrir mão do controle do negócio. Fundos geridos pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, os outros dois maiores acionistas do banco de desenvolvimento, podem acompanhar o governo federal em uma oferta de ações, uma espécie de re-IPO, uma vez que a instituição já é listada em bolsa, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast.
O BNB comunicou ontem que está selecionando bancos de investimento para avaliar uma operação no mercado de ações. O objetivo, diz, é emplacar uma “operação no mercado de capitais, no segmento de renda variável, nos próximos meses”.
Atualmente, o BNB tem apenas 2,4% de suas ações em circulação, o chamado free float. Como reflexo, a liquidez é praticamente zero na B3. Em julho, até ontem, dia 26, o banco teve apenas 1.200 ações negociadas, com volume de R$ 80 mil, números que a ação do Banco do Brasil negocia em minutos na Bolsa.
A União controla o BNB, com 55,45% do capital total. O fundo FI Caixa FGEduc Multimercado detém 34,97% e o BB FGO Fundo de Investimento em Ações outros 7,19%, além do free float.
Estratégia repete casos do IRB e da BR Distribuidora
O movimento é similar ao que o governo federal já fez em empresas de outros setores como, por exemplo, o ressegurador IRB Brasil Re, a BR Distribuidora, a Petrobras e o próprio BB e a Caixa. Como 2022 deve ser pautado pelo calendário eleitoral, o que dificulta a venda de ativos de empresas estatais, o governo Bolsonaro tenta acelerar o plano de desinvestimentos, que o ajudou a elegê-lo, com o discurso de redução do Estado, mas pouco andou nesses três anos.
No caso do BNB, a tentativa de venda vem em meio a recordes de concessão de crédito do banco, que está completando 69 anos e tem R$ 62 bilhões em ativos. No primeiro semestre, as concessões somaram R$ 20,3 bilhões, expansão de 11,3%. Em 2020, o lucro líquido recorrente foi de R$ 1,4 bilhão, alta de 12,8% ante 2019. O índice de Basileia, que mede a capitalização, estava em 12,8%.
Procurado, o BNB reiterou, por meio de sua assessoria de imprensa, o que disse no comunicado ao mercado, que está selecionando um possível prestador de serviço, mas ainda não definiu a operação. O BB e a Caixa não comentaram.
Recentemente, o banco também selecionou parceiros para reforçar o seu braço de maquininhas de pagamentos. Os escolhidos foram a norte-americana Global Payments e a brasileira Kredit Pagamentos. Como só fechou dois nomes, sua intenção é fazer uma nova seleção para atrair mais interessados.
Fonte: Estadão – Por Altamiro Silva Júnior e Aline Bronzati