Bancários pedem afastamento de Pedro Guimarães da presidência da Caixa e rigor nas apurações. “Rádio Peão” não se surpreendeu com a “escrotidão”.
Por Paulo Donizetti de Souza, da RBA
“É necessário que se investigue a fundo e que as comprovações resultem em punição”, afirma o dirigente. Ele alerta que se denúncias dessa gravidade ficaram represadas por tanto tempo pelo fato de as pessoas se sentirem inseguras, o mesmo pode ocorrer se Guimarães permanecer na presidência. “Para que haja segurança e transparência para as investigações, Pedro Guimarães precisa ser afastado imediatamente”, defende o presidente da Fenae.
“Tentar transformar supostas viagens de negócios em turismo sexual é de indignar qualquer um. É lamentável que mais uma vez este governo, que não consegue trazer nada de relevante para as páginas de economia, mais uma vez vá parar nas páginas policiais. E pior: levando a imagem de uma instituição pública com a importância da Caixa.”
A reportagem da RBA chegou a conversar com alguns empregados da Caixa, que confirmaram que na chamada “Rádio Peão” a conduta de Guimarães era um dos assuntos mais frequentes. “Indignação sim, mas surpresa nenhuma”, disse um bancário. “Os relatos são nojentos, mas não surpreendem. A fama de escrotidão já circula há um tempo”, relatou outra funcionária.
Luta contra o assédio na Caixa e nos demais bancos
As denúncia desta terça-feira (28) precisam ser investigadas a fundo. “É imprescindível a instauração de investigação e, se confirmadas as denúncias, que condutas abomináveis como essas não fiquem impunes. A luta contra o assédio sexual e moral faz parte de uma política permanente do Sindicato, com reivindicações que intensificam a luta, dentro dos bancos, contra o machismo e racismo institucional e assédio sexual e moral, com normas e condutas rígidas”, diz a entidade, que também pede o afastamento de Pedro Guimarães.
O Comitê Popular de Luta e Defesa da Caixa também manifestou repugnância em relação aos fatos noticiados. “O Comitê se solidariza com as empregadas vítimas dessa prática inaceitável e doentia e as parabeniza pela coragem de denunciar os fatos, que seguem em investigação pelo Ministério Público”, diz comunicado divulgado há pouco pelo coletivo.
“É imperativo que os órgãos de controle interno e externos da Caixa, bem como a Justiça, não se omitam e apurem os fatos com rigor, isenção e prestem proteção às empregadas envolvidas. Se confirmado, o triste episódio se soma a vários outros já conhecidos, públicos e notórios. São marcas de um governo e de uma gestão da Caixa autoritários e misóginos. E que tratam a coisa pública, inclusive o servidor público, como propriedade sua”, afirma o comitê. “Nunca, em 161 anos de existência, os empregados e a Caixa foram tão atacados e humilhados.
Ideologia e caráter
Defensor das privatizações desde sua nomeação como presidente da Caixa, Pedro Guimarães é um auxiliar muito próximo do presidente da República, Jair Bolsonaro. Tanto que o acompanha em grandes eventos pelo país afora. Além disso, costuma falar como autoridade governamental em suas incursões em eventos públicos. A indicação para o posto partiu do ministro da Economia, Paulo Guedes, em razão da identificação com sua cartilha ultraliberal.
Em uma confraternização de final de ano, chegou a constranger gerentes e lideranças da instituição a fazerem flexões comandados por um general. E ainda a darem cambalhotas acompanhados por uma ginasta profissional. Acionado por entidades sindicais, Guimarães foi notificado pelo Ministério Público do Trabalho por submeter os empregados a situações de constrangimento.
Em 2018, uma revista semanal divulgara que o “forte do novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, não é o autocontrole”. Segundo a revista, o executivo chegou a machucar uma colega de Santander durante uma festa de fim de ano. “Acabou demitido.”
Em janeiro de 2021, num evento do programa do governo federal Casa Verde e Amarela, a conduta de Guimarães ao cumprimentar uma beneficiária chamou a atenção nas redes sociais. Assista:
Fonte: Rede Brasil Atual