A Contraf e o Dieese divulgaram os resultados de uma extensa e detalhada pesquisa, que ouviu 8.560 bancários de todo o país, sobre o home office na categoria. O objetivo do estudo foi conhecer as condições de trabalho em home office: avaliar o fornecimento de equipamentos pelos bancos, jornada de trabalho, o impacto na saúde, na conciliação do trabalho com tarefas domésticas e na relação com familiares, e também as prioridades para a negociação com os bancos.
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Os resultados da pesquisa mostram que as negociações que estamos realizando banco a banco – a exemplo dos acordos já aprovados no Bradesco, Itaú e BB – estão contemplando as maiores preocupações dos bancários: ajuda de custo, controle de jornada, fornecimento de equipamentos e mobiliário adequado, e impactos na saúde.
A representação da categoria bancária, mais uma vez, esteve na vanguarda da luta em defesa dos trabalhadores quando assegurou a transferência de boa parte da categoria para o home office na pandemia, sobretudo em relação ao grupo de risco para a Covid-19. E também ao regulamentar esta modalidade de trabalho para o pós-pandemia, que com certeza estará cada vez mais presente nos bancos, uma vez que os mesmos identificaram a redução dos custos que foi proporcionada.
Queda de despesas para os bancos x Aumento de despesas para os bancários
Em apenas três itens selecionados entre as despesas administrativas dos bancos (água, luz e gás; segurança; e vigilância e viagens), houve uma economia, no 1º semestre do ano, de R$ 276 milhões, valor que pode ser ainda maior, uma vez que algumas despesas não são destacadas em separado nas notas explicativas dos balanços.
Por outro lado, 78,6% dos bancários que responderam a pesquisa apontaram o aumento da conta de energia elétrica. O gasto com supermercado aumentou para 72,0% dos(as) respondentes, e a despesa com gás de cozinha, para 41,6%. Muitos (32,1%) precisaram adquirir ou melhorar planos de internet para trabalhar de casa.
A pesquisa deixa claro o que estamos enfatizando nas negociações: os custos do trabalho não podem ser jogados no colo do trabalhador enquanto o banco economiza nas suas despesas.
Jornada
A pesquisa revelou que para 58,9% dos bancários a jornada efetivamente trabalhada em home office permaneceu igual a presencial; aumentou muito para 13,6%; aumentou um pouco para 22,0%; diminuiu um pouco para 4,2% e diminuiu muito apenas para 0,7%. Quanto à forma de controle da jornada, 50,7% afirmaram que o banco realizava registro eletrônico de ponto; 32,3% declararam que não havia qualquer tipo de controle e 16,6% marcaram a opção “outros”.
Equipamentos, ergonomia e saúde
Sobre o fornecimento de equipamentos, 32,5% dos bancários responderam que não receberam nenhum equipamento do banco. No recorte por bancos, chama atenção o Santander, que ainda não aceitou negociar acordo de teletrabalho com o movimento sindical, e cujos 50,1% dos pesquisados não receberam qualquer equipamento. Já no BB – que fechou acordo recentemente prevendo o fornecimento de equipamentos, mas que ainda não entrou em vigor – 54,4% responderam não ter recebido nenhum equipamento.
A avaliação dos pesquisados quanto à estrutura para o trabalho demonstrou que a pior situação era a dos equipamentos de ergonomia (apoios para antebraços, pulsos e pés, suporte de ajuste de altura para monitores, entre outros), considerados muito ruins por 22% e ruins por 23%. Para 31,4% dores musculares já existiam antes e continuaram depois do home office, mas, para 24,9%, surgiram com o teletrabalho, o que está diretamente ligado às condições nas residências, como o uso de mesas e cadeiras incompatíveis com o trabalho e falta de equipamentos de ergonomia.
Em todos os acordos negociados coletivamente – que oferecem muito mais garantias que acordos individuais prejudiciais que alguns bancos tentam impor aos trabalhadores em home office, como é o caso do Santander em São Paulo, que não paga sequer ajuda de custo e só fornece notebook – o fornecimento de equipamentos e cadeira adequados é um ponto fundamental. Não estamos falando somente de oferecer ferramentas de trabalho para o bancário exercer suas funções, mas principalmente de condições adequadas de trabalho para que ele não adoeça.
Pós-pandemia
Sobre o retorno ou não ao trabalho presencial no pós-pandemia, 1% não respondeu, para 3% é indiferente, 26% gostariam de retornar ao trabalho presencial, 28% preferem seguir em home office todos os dias, e 42% optariam por um regime de trabalho misto, mesclando home office e presencial.
O teletrabalho é uma realidade que estará cada vez mais presente na nossa categoria e, de acordo com a pesquisa, é um desejo de uma parcela expressiva dos bancários, sendo a maior parte dela optante por um regime misto. Estes dados reforçam que o Sindicato e demais entidades representativas estão no caminho certo ao buscar negociações coletivas que regulamentem essa modalidade de trabalho, assegurando condições de trabalho adequadas, respeito à jornada, à saúde, e que os custos do trabalho não sejam jogados no colo do trabalhador. Juntos somos mais fortes.
Fonte: Seeb/SP