Descaso da Presidência com a covid-19 leva governadores a apelarem à ONU por ajuda. Desde o início, país tem 358.425 vítimas “oficiais”, sem contar a subnotificação.
O Brasil volta a registrar perto de quatro mil mortes por covid em um único dia, com as 3.808 novas vítimas oficialmente registradas nesta terça-feira (13). Com o acréscimo, são 358.425 mortos desde o início da pandemia, em março do ano passado. Trata-se do país com o segundo maior número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos. Desde o início de março de 2021, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o Brasil epicentro da pandemia no mundo, quando superou os norte-americanos em média diária de mortes. O descaso com a pandemia posiciona o Brasil como pária internacional, classificado como um risco à humanidade.
Em relação ao número de novos infectados, mais um acréscimo acima da média, o que evidencia a continuidade do descontrole do surto no país. Foram 82.186 casos registrados no período, totalizando 13.599.994 também desde o início da pandemia.
A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Connas). Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.
Alex Pazuello/Semcom Manaus
Desde o início de março de 2021, o país latino assumiu o epicentro da pandemia no mundo, quando superou os norte-americanos em média diária de mortes
Genocídio
Ontem (12) o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro, comandado pelo ministro Marcelo Queiroga, utilize 3 milhões de testes já adquiridos. Não é a primeira vez que o governo do Brasil deixa grandes volumes de testes de covid vencerem sem a devida distribuição ao sistema de Saúde.
Os testes são essenciais para o controle da pandemia. Países que conseguiram sucesso no controle do vírus, como Austrália, Nova Zelândia, Vietnã, Hong Kong, Coreia do Sul e Tailândia, por exemplo, partiram da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS): teste em massa, localização de infectados, rastreio de contatos e isolamento social.
Em sua decisão do TCU, o ministro do TCU Benjami, Zymler, afirmou que os testes vencem a partir de maio e foram doados ao Brasil pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e que sua não destinação correta possui relação com a falta de coordenação nacional do governo Bolsonaro. O presidente, desde o início da pandemia, despreza a covid-19, promove aglomerações, divulga desinformação sobre o vírus e agora é investigado por possíveis crimes cometidos.
Entre as investigações correntes, estão uma queixa-crime por tentativa de genocídio contra comunidades indígenas durante a pandemia, além da CPI da Covid, em trâmites iniciais no Congresso.
Abandonados
Diante do abandono dos brasileiros pela Presidência, o Fórum Nacional de Governadores solicitou uma reunião para sexta-feira com a secretária adjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), Amina Mohammed. A ideia é pedir ajuda humanitária ao país, especialmente para tentar acelerar a vacinação. “Para mais vacinas, para mais vacinação e para conter uma tragédia ainda maior e com graves riscos para o mundo, pois a geração de novas variantes e propagação de variantes do coronavírus prossegue (…) O Brasil tantas vezes foi solidário com outros países do mundo em ajudas humanitárias. E agora o Brasil, neste Pacto Pela Vida, precisa de ajuda humanitária do mundo, principalmente com mais vacinas, e confiamos na ONU para alcançar esta sensibilidade e resultados para salvar vidas ”, disse o coordenador do fórum, governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Fonte: Por Gabriel Valery, da RBA