País fica na 87ª posição entre 191 nações e retorna ao nível de 2014. No mundo, índice também recuou, mas recuo foi menor, ao patamar de 2016. Mortalidade na pandemia explica retrocesso brasileiro.
O Brasil caiu uma posição no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. Dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) nesta quinta-feira mostram que o país recuou da 86ª posição em 2019 para a 87ª em 2021.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro ficou em 0,754, considerado pelo Pnud um patamar elevado. Mas, com a perda de desenvolvimento humano por dois anos seguidos, o Brasil recuou ao patamar de 2014, quando o IDH do país também era de 0,754. É um retrocesso maior do que a média mundial — o IDH global retrocedeu ao nível de 2016.
Comparando com os dados de 2019, a única dimensão que derrubou o IDH brasileiro foi a saúde, o que evidencia o impacto da alta mortalidade no país durante a pandemia. A renda média do brasileiro avançou em relação a 2019, e os indicadores de educação ficaram estagnados.
Se em 2019 a expectativa de vida média do brasileiro ao nascer era de 75,3 anos, em 2021 este número caiu para 72,8 anos. Neste quesito, o país retrocedeu 13 anos. A esperança de vida média ao nascer hoje é praticamente igual à de 2008, que era de 72,7 anos.
Os retrocessos no Brasil em 2022
O Brasil é o segundo país com maior número de mortes por Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mais de 684 mil brasileiros morreram na pandemia. Nos EUA, onde mais de um milhão de pessoas morreram de Covid, a expectativa de vida caiu 1,9 anos — para 77,2 anos, ao nascer.
A queda da expectativa de vida do brasileiro também foi maior que a média global, que sofreu uma redução de 1,6 anos, para 71,4 anos.
No mundo, o IDH voltou aos níveis de 2016, com mais de 90% dos países registrando declínio na pontuação em 2020 ou 2021, anos em que o planeta foi afetado fortemente pela pandemia. A guerra na Ucrânia também puxou os indicadores para baixo, segundo o Pnud. O Brasil caiu os dois anos seguidos.
No caso do Brasil, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ficou em 0,754 em 2021, de acordo com os dados revelados hoje. Pela metodologia do Pnud, quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento humano. O IDH global é de 0,732.
O Brasil vinha subindo seu IDH ano a ano. Em 2010, por exemplo, era de 0,723. Com a pandemia e a crise econômica, o país estacionou e retrocedeu no desenvolvimento humano. O dado de 2019, antes da pandemia, mostra o país com um IDH de 0,766.
O Brasil está estagnado nas demais dimensões que compõem o IDH. A expectativa de escolaridade é de 15,6 anos desde 2019.
Desigualdade
No Brasil, o desenvolvimento humano despenca, no entanto, quando a desigualdade entra na equação. O país perde nada menos que 20 posições quando o indicador é ajustado à desigualdade. O IDH de 0,754 cai para 0,576, uma queda de 23,6%.
A principal causa para o resultado brasileiro neste indicador é a desigualdade de renda — o que já vinha sendo observado em anos anteriores.
O relatório também chama a atenção para a desigualdade de gênero. A expectativa de vida das mulheres é 6,4 anos menor que dos homens. A renda média anual é US$ 7 mil menor, de acordo com os dados do Pnud.
Dados pelo mundo
O Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022 foi divulgado nesta quinta-feira. O último dado foi divulgado em 2020, referente ao ano anterior. Portanto, este é o primeiro relatório do IDH que captura o impacto no desenvolvimento humano causado pela pandemia. O IDH mede a saúde, a educação e o padrão de vida de uma nação.
Entre os cinco primeiros colocados estão Suíça (0,962), Noruega (0,961), Islândia (0,959), Hong Kong (0,952) e Austrália (0,951). Maior economia da Europa, a Alemanha figura na nona posição, com IDH de 0,942, seguida pelos Países Baixos, com 0,941. Reino Unido ficou com a 18ª posição (0,929).
Na América do Sul, o país mais bem colocado é o Chile, com 0,855 de IDH em 42º lugar — o país melhorou de posição e de índice em relação a 2019. Em seguida vem Argentina, em 47º (0,842); Uruguai está em 58º (0,809), bem à frente de Peru (84º, com 0,762), Brasil (87º) e Colômbia (88º, com 0,752).
O Canadá é o mais bem colocado país das Américas, com índice de 0,936, na 15ª posição. Estados Unidos aparece em 21º, com 0,921. Cuba aparece em 83º, com 0,764 de índice. México está abaixo, com 0,758, em 86º lugar.
Um dos destinos preferidos de brasileiros que buscam uma nova vida fora do país, atualmente, Portugal ficou em 38º lugar, com índice de 0,866, atrás de Espanha (27º, com 0,905), França (28º, com 0,903) e Itália (30º, com 0,895).
Entre os países asiáticos, o Japão ficou em 19º lugar, com 0,925 de índice. A Rússia ficou em 52º, com 0,822, à frente da China, com a marca de 0,768 em 79º lugar.
Nas três últimas colocações estão países do continente africano: Níger, 189ª posição (0,400), seguido de Chade com 0,394 e, em último lugar no IDH global, o Sudão do Sul, com índice de 0,385.
Fonte: O Globo