Na segunda rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários, sobre o tema “Emprego e terceirizações”, os representantes dos trabalhadores apresentaram à Fenaban (federação dos bancos) dados que mostram a redução de postos de trabalho na categoria e o avanço da terceirização. E deixaram claro que mais contratações e o fim das terceirizações são reivindicações prioritárias da categoria bancária.
“Ressaltamos na mesa de hoje que queremos mais contratações, o fim das demissões e da terceirização, que tem se ampliado no setor bancário. Essa terceirização tem se dado de forma camuflada, com os bancos criando empresas coligadas e transferindo setores inteiros para essas empresas, é o que estamos vendo acontecer no Santander, por exemplo. Dessa forma, bancários e bancárias perdem seus postos no banco para exercerem, como terceirizados, as mesmas tarefas em outras empresas do grupo. Assim, amplia-se o trabalho precarizado. Somos contra a precarização e a terceirização. Para nós, todos que trabalham no ramo financeiro são bancários, devem ser representados por sindicatos de bancários e usufruir de todos os direitos previstos na nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).”
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa com a Fenaban
A dirigente acrescenta que os lucros cada vez mais altos dos bancos não justifica que demitam nem que terceirizem. “Os bancos vêem seu patrimônio e rentabilidade aumentarem a cada ano. São um dos setores mais lucrativos da economia brasileira mesmo na crise. Nada justifica que precarizem os empregos, quando deveriam contratar mais e valorizar os trabalhadores bancários.”
Dados apontam redução de empregos e aumento da terceirização
O Comando Nacional dos Bancários apresentou dados que mostram a redução de quase 40% no número de bancários entre 1990 e 2019. Segundo levantamento do Dieese, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), houve redução de 77 mil postos de trabalho bancários em apenas nove anos (entre 2013 e 2021), o que significa uma diminuição de 15% da categoria.
Mas isso não significa que os postos de trabalho no setor financeiro diminuíram, porque excetuando o emprego bancário, houve crescimento de vagas no ramo: entre 2013 e 2021 foram criados mais de 169 mil postos de trabalho no ramo financeiro (exceto bancários). Em 2019, cerca de 503 mil trabalhadores do ramo financeiro estavam fora da categoria bancária, sendo parte destes trabalhadores alocados em empresas dos conglomerados bancários.
Um dado que aponta para o aumento da terceirização é o crescimento de 42%, entre 2016 e 2022, no número de estabelecimentos que prestam serviço de correspondente bancário, atingindo 470 mil em março de 2022, de acordo com o Banco Central.
Além disso, de 2016 a março deste ano, o número de agentes autônomos de investimento, que atuam na oferta de produtos bancários, cresceu 222%, passando de 6.053 para 19.503. Outro dado que mostra de forma indiscutível o aumento da terceirização e pejotização no setor bancário.
Pela jornada de quatro dias
Também na mesa desta segunda-feira 27, os trabalhadores apresentaram a reivindicação de redução da jornada de trabalho para quatro dias semanais, sem redução de salários. Os bancários argumentam que a tecnologia possibilita essa redução, e deve ser utilizada para benefício da classe trabalhadora e de toda a sociedade, e não para o aumento da sobrecarga, da pressão e do adoecimento entre os trabalhadores, como vem sendo utilizada.
“Mais uma vez, nossa categoria sai na frente e propõe algo pioneiro. Deixamos claro para os bancos os benefícios que a adoção da jornada de quatro dias tem gerado em grandes empresas da Europa e EUA, com substancial aumento da produtividade de seus funcionários. Esperamos que essa reivindicação seja abordada com a atenção devida pelos bancos”, diz Ivone.
A Fenaban ficou de levar as propostas apresentadas pelos trabalhadores para debates com os bancos. A próxima rodada de negociação será na quarta-feira, 6 de julho, e discutirá “cláusulas sociais e segurança bancária”.
Veja o calendário de negociação
Quarta-feira, 6 de julho: Cláusulas sociais e segurança bancária
Sexta-feira, 22 de julho: Cláusulas sociais e teletrabalho
Quinta-feira, 28 de julho: Igualdade de oportunidades
Segunda-feira, 1 de agosto: Saúde e condições de trabalho
Quarta-feira, 3 de agosto: Cláusulas econômicas
Quinta-feira, 11 de agosto: continuação das cláusulas econômicas
Fonte: SPbancários