Na mesa de negociação com a Fenaban (federação dos bancos) sobre Igualdade de Oportunidades, o Sindicato cobrou que os bancos incorporem à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) o canal de atendimento a bancárias vítimas de violência, que foi acordado na Campanha de 2018 e lançado oficialmente em março de 2020. Cobrou ainda que o canal seja de fato implementado por todos os bancos, já que o processo foi prejudicado pela pandemia de coronavírus. A reunião, por videoconferência, foi na manhã desta quinta-feira 13. Foi a quarta rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2020.
Terceira rodada: Sindicato cobra da Fenaban melhorias para saúde dos bancários
Segunda rodada: Bancários reivindicam manutenção dos empregos
Primeira rodada: Sindicato negocia regulamentação do home office
O Comando também cobrou que a Fenaban apresente, já na próxima semana, uma proposta para as reivindicações dos bancários. “Com o fim da ultratividade, todas as cláusulas da nossa CCT perdem a validade em 31 de agosto. Portanto, temos que avançar na construção de um novo acordo até essa data. Cobramos dos bancos que eles apresentem algo já na próxima semana. Nós valorizamos o canal negocial, e esperamos dos bancos que façam o mesmo”, destaca Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban.
> Ultratividade e por que nossos direitos têm de ser defendidos
Os bancos tinham se comprometido a apresentar os dados do Censo da Diversidade 2019, outra conquista acordada na Campanha de 2018, mas não o fizeram. Ficou decidido que uma nova reunião será marcada para que a Fenaban finalmente apresente os números do Censo.
> Confira a pauta de reivindicações dos bancários
O questionário do Censo foi aplicado em 2019, mas mesmo assim os bancos ainda não dividiram com a gente o resultado. O Censo é fundamental para que a gente saiba como está a situação de mulheres, negros e PCDs [Pessoas com Deficiência] no setor. Sem isso, não temos como saber se houve avanços ou retrocessos, e precisamos disso para propor ações que promovam oportunidades iguais para todos, sem discriminação por gênero e raça e com oportunidades para PCDs.
Desigualdade entre homens e mulheres
Dados da RAIS 2018 e do Censo da Diversidade 2014 comprovam a desigualdade nos bancos. Segundo a RAIS, a remuneração média das mulheres bancárias é 21,75% menor do que a remuneração média dos homens bancários. Essa diferença é mais intensa do que na média do mercado de trabalho formal, onde as mulheres ganham em média 14% menos do que os homens.
O Censo da Diversidade, realizado na categoria bancária em 2014, confirma a gritante diferença de remuneração entre homens e mulheres no setor: elas recebiam apenas 77,9% do salário médio dos homens. No primeiro Censo, realizado em 2008, a desigualdade era um pouco maior: as mulheres recebiam remunerações médias equivalentes a 76,4% das remunerações médias dos homens. Ou seja, de 2008 para 2014, houve uma pequena melhora de 1,5 ponto percentual. Nesse ritmo, a equiparação salarial entre homens e mulheres nos bancos levará 88 anos para se completar.
Quando se considera a raça, a desigualdade é ainda maior: as mulheres negras bancárias recebiam, em 2014, apenas 68,2% do que recebiam os homens brancos.
A discriminação se mostra ainda quando se avalia as posições de chefia: 44,7% das mulheres bancárias se encontra na base da pirâmide das carreiras dos bancos, enquanto que entre os homens esse percentual é de 36,1%. Por outro lado, 22,5% dos homens estão em posições de Gerência, Superintendência ou Direção e entre as mulheres esse percentual cai para 14,8%.
Negros no setor bancário
Os negros estão subrepresentados no setor bancário, com apenas 3,4% de pessoas pretas e 21,4% de pardas, sendo que a população economicamente ativa no Brasil, com ensino superior completo ou incompleto, é composta de mais de 52% de negros (pretos ou pardos).
A diferença de remuneração entre brancos e negros também apresentou pequena redução. Em 2008, a remuneração média dos negros representava 84,1% da remuneração média dos brancos; e em 2014, essa relação passou para 87,3%.
PCDs
Em 2014, os PCDs representavam 3,6% do total da categoria. Abaixo portanto dos 5% que determina a lei para empresas do porte dos cinco maiores bancos que atuam no Brasil.
Essa discriminação é um absurdo em pleno século 21. Os bancos precisam adotar políticas de inclusão que acabem com essa discriminação. Não basta passar por empresas modernas e preocupadas com a diversidade, como os bancos se mostram nas propagandas, é preciso que de fato eles implementem isso. Por isso que a divulgação dos dados do último Censo é importantíssima para que possamos dar continuidade às discussões do tema igualdade de oportunidades.
Fonte: Seeb/SP