A instituição financeira atua há 45 anos e possui destaque em pessoas físicas de alta renda não-residentes.
Banco adquire BAC Florida Bank, que permitirá a clientes de alta renda ter acesso a conta corrente, cartão de crédito, investimento e financiamento imobiliário nos EUA; correntista daquele país terá acesso a plataforma de produtos no Brasil.
O Bradesco anunciou na segunda-feira, 6, a compra do BAC Florida Bank, nos Estados Unidos, por US$ 500 milhões (cerca de R$ 2 bilhões). Com a aquisição, o banco brasileiro pretende ampliar a oferta de investimentos nos EUA a seus clientes de alta renda, bem como permitir que tenham acesso a conta corrente, cartão de crédito e financiamento imobiliário naquele país. O Bradesco também está de olho na expansão de negócios de clientes corporativos.
Segundo Octávio de Lazari, presidente do Bradesco, a compra é “muito complementar” à atividade do banco. “Com o BAC, a gente coloca um pé nos EUA com operação como banco, com oferta de produtos e serviços”, disse. “Tínhamos uma carência para atender cliente de alta renda, sobretudo em private e gestão de recursos.”
Com o BAC, o Bradesco prevê que será possível a um cliente brasileiro abrir e operar uma conta corrente nos EUA, com o celular no Brasil. Segundo Lazari, o banco quer ainda ampliar o acesso a produtos e serviços financeiros nos EUA aos clientes endinheirados. Essa área conta com cerca de 13 mil milionários, que têm R$ 200 bilhões depositados no banco.
“O cliente do Brasil poderá abrir uma conta nos EUA, investir, tirar extrato ou mesmo pagar a conta de luz da casa que tem por lá”, disse. “O private do Bradesco continuará trabalhando para os clientes no Brasil e o BAC será uma nova opção.”
Lazari disse que o BAC Florida não estava à venda, como muitos bancos atualmente nos EUA. “As conversas começaram há um ano”, disse. O BAC é controlado pelo grupo nicaraguense Pellas, que atua em vários segmentos da economia centro-americana. O pagamento será feito em dinheiro.
Latino
O BAC Florida oferece, há 45 anos, serviços financeiros nos EUA, principalmente para pessoas físicas de alta renda não residentes. Em 2018, seus ativos somaram US$ 2,2 bilhões e o patrimônio líquido era de US$ 206 milhões. O lucro líquido ficou em US$ 29 milhões.
Após a aprovação das autoridades – esperada para ocorrer em seis a oito meses –, o Bradesco planeja manter as operações. Da carteira de clientes, 22% são brasileiros não residentes. O segmento de crédito imobiliário é uma das principais áreas de atuação.
Além das hipotecas para alta renda, com sua operação digital o BAC atende a clientes em 49 estados dos EUA. O Bradesco pretende, porém, melhorar a experiência do cliente e expandir a interação digital. Além disso, os clientes BAC também passarão a ter acesso a uma plataforma de produtos no Brasil, voltado para investimentos e soluções corporativas.
Os analistas encararam de maneira positiva a aquisição do Bradesco. A empresa de análises Eleven Financial Research considerou a compra “um movimento estratégico importante”. Além da expansão internacional, a operação permite acesso a funding (recursos) competitivo. Para a casa, também faz sentido “sob a ótica de potencial venda cruzada de produtos e rentabilização do capital”. Afinal de contas, o BAC é o principal provedor de crédito imobiliário na Florida para estrangeiros de alta renda, “sendo este um dos principais destinos de brasileiros que deixam o País.”
Para o Citi, a aquisição preenche uma lacuna na estratégia de alta renda do banco frente aos seus pares no mercado internacional. “Embora não seja barata, (a aquisição) deve permitir que o banco se torne mais competitivo em um dos segmentos de varejo mais lucrativos”, escreve o Citi, em relatório. “Embora não vejamos a aquisição como o início de uma expansão internacional mais ampla, acreditamos que as recentes ações estão tornando o banco mais centrado no cliente e indo além das expectativas anteriores.” Para o Citi, a escala limitada do BAC não deve ter impacto na lucratividade do Bradesco.
Ao ser perguntado sobre outras aquisições no exterior, Lazari afirmou que “não vamos fazer banco de varejo fora do Brasil”. “Estamos sempre a procura de bons negócios, mas não há previsão disso”, disse.
Fonte: Estadão