O Santander Brasil lucrou R$ 3,3 bilhões no segundo trimestre deste ano, informou o banco nesta quarta-feira (24). O resultado representa uma alta de 44,3% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 10,3% em relação ao primeiro trimestre deste ano.
O desempenho superou previsões do mercado –segundo a Reuters, analistas consultados pela Lseg previam um lucro de R$ 3,19 bilhões no trimestre. O Santander Brasil é o primeiro dos grandes bancos a divulgar seus resultados trimestrais. Bradesco e Itaú apresentaram seus balanços nos próximos dias.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE), indicador que mede a rentabilidade da operação, ficou em 15,5%, melhor do que o trimestre anterior, quando estava em 14,1% e os 11,2% do segundo trimestre de 2023.
O resultado do banco veio puxado pelo aumento de empréstimos e tarifas. A carteira de crédito ampliada cresceu 7,8% em junho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado e foi a R$ 665 bilhões.
A provisão para perdas com empréstimos caiu 1,4%, para R$ 5,89 bilhões e a receita líquida de juros (NII) subiu 10,6%, para R$ 14,75 bilhões.
No segundo trimestre de 2024, a PDD (provisão para devedores duvidosos) somou R$ 6,631 bilhões, queda de 7,4% em relação ao segundo trimestre de 2023 e de 2,4% em relação aos três primeiros meses deste ano.
O custo do crédito cai 0,8 ponto percentual na comparação com o mesmo trimestre do ano passado e ficou em 3,7%.
O índice de inadimplência do banco, em que são considerados atrasos superiores a 90 dias, ficou praticamente estável na comparação com o segundo trimestre de 2023, em 3,2%, uma variação de 2 pontos percentuais, e também em relação ao primeiro trimestre.
A base de clientes cresceu 6% na comparação anual e foi a 67,2 milhões de clientes. O volume de clientes ativos, porém, segue estável, em 31,9 milhões, em relação ao período em 2023, mas está superior aos 31,1 milhões do primeiro trimestre.
O crescimento dessa base é um dos pontos centrais na nova estratégia do Santander, que no fim de abril colocou em ação um reposicionamento de marca para atrair clientes de renda menor, chamado de “free”.
O novo produto posiciona o banco, segundo o CEO do Santander Brasil, de modo “mais potente do que o mais potente dos digitais.” Os primeiros sinais do reposicionamento são bons, diz Leão, puxado pela reativação de clientes e com a venda do “free” para aqueles que eram usuários de apenas um tipo de produto.
O banco também zerou anuidade de cartões e mexeu nas agências, que passaram a ser tratadas como lojas. Os espaços foram reformulados para ficarem mais parecidos com o varejo tradicional.
No segundo trimestre deste ano, o fluxo das lojas do Santander caiu 16%, enquanto o faturamento cresceu 15% nos dois meses sob o novo modelo.
Outro ponto no centro da estratégia é o crescimento da principalidade, ou seja, que o cliente tenha o Santander como o banco principal e no qual ele usa mais de um tipo de serviço.
O presidente-executivo do banco, Mario Leão, disse nesta quarta após a divulgação do balanço que houve evolução e que está confiante de que a principalidade vai crescer. “O importante é deixar de perder principalidade especialmente na baixa renda e passar a ganhar.”
O banco tem avaliado como definir o percentual de clientes que o tem como instituição financeira principal, mas Leão estima que esteja abaixo de 50%.
No balanço do segundo trimestre, o Santander também informou ter feito uma provisão adicional de R$ 1,9 bilhão, a que o presidente-executivo chamou de coisa pontual e de uma escolha prudente, decorrente da conclusão da negociação com a Pluxee (ex-Sodexo).
O banco vendeu sua empresa de benefícios, a Ben, para a companhia de origem francesa, e passa a ter 20% dela. “A gente valora isso em R$ 2 bilhões. Poderíamos fluir pelo resultado, mas preferimos fazer reforço de balanço. Eu não precisava disso, tivemos mais um trimestre limpo.”
O CEO do Santander Brasil também disse que o banco mantém a confiança na agenda fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar do que chamou de “ruídos” e da influência do ambiente externo sobre o mercado. Ressaltou, porém, considerar que “o componente interno tem tido peso além do que deveria.”
Fonte: Folha de S. Paulo