O Itaú divulgou na terça-feira (08/08) seu balanço do primeiro semestre do ano: lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários) de R$ 17,2 bilhões; uma alta de 14,2% em relação ao mesmo período de 2022 e de 3,6% em relação ao 2º trimestre de 2023. O retorno recorrente consolidado sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) – ou seja, a rentabilidade do banco – foi de 21,3% no semestre, com alta de 0,1 ponto percentual em doze meses.
Em seu relatório, o Itaú atribui o resultado ao crescimento da carteira de crédito e à mudança do “mix” para créditos com maiores spreads, que levaram ao crescimento de 16,5% na margem financeira com clientes. O banco também considera que o aumento da taxa de juros Selic trouxe impacto positivo na remuneração do capital de giro próprio e para a margem de passivos.
Mas mesmo com excelente resultado, o banco cortou 1.419 postos de trabalho no segundo trimestre. “O banco, que nas paredes dos prédios administrativos tem frases como ‘vamos de turma’, ‘a gente não sabe tudo’ e ‘sou ituber’, não se preocupa com com a extinção de postos de trabalho e as consequências da terceirização: a precarização das condições de vida e salário nas empresas contratadas. Somos números num centro de custo“, critica Edegar Faria, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancário do Itaú.
“A terceirização está assombrando as áreas de atendimento no banco. E, diferentemente do discurso do banco de que está criando empregos em cidades de outros estados, na verdade o que o Itaú está fazendo é contratando mão de obra precarizada, com salários que podem chegar a ser 70% menores que os dos bancários”, acrescenta o dirigente.
De acordo com o banco, o corte de 1.419 empregos deve-se à reestruturação das áreas de TI e de atendimento e à redução de agências físicas. Em doze meses, foram fechadas 152 agências físicas no Brasil e abertas 78 agências digitais, totalizando 2.639 agências físicas e 427 agências digitais ao final de junho de 2023. Apesar dos cortes no segundo trimestre, a holding fechou junho de 2023 com 88.078 empregados no país, com abertura de 375 postos de trabalho em doze meses.
Apenas com a receita da prestação de serviços e tarifas bancárias cobradas dos clientes, o Itaú cobre 170% de toda a sua despesa com pessoal, incluindo a PLR dos funcionários. “Portanto, não há justificativa para corte de empregos e terceirização”, reforça Edegar.
A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias do banco cresceu 1,9% em doze meses, totalizando R$ 23,4 bilhões. As despesas de pessoal, considerando a PLR, por sua vez, cresceram 2,4% no período, somando R$ 14,0 bilhões.
Outros números
O Índice de Inadimplência superior a 90 dias, no país, cresceu 0,5 p.p. em doze meses, ficando em 3,5% no 1º semestre do ano. As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) cresceram 26,4% em relação ao mesmo período de 2022, totalizando R$ 18,5 bilhões em junho de 2023.
A Carteira de Crédito do Itaú cresceu 6,2% em doze meses e apresentou redução de 0,1% no trimestre, atingindo R$ 1,2 bilhão em junho de 2023.
As operações com pessoas físicas (PF) no país cresceram 8,9% em doze meses, atingindo R$ 405,2 bilhões, com alta em todos os segmentos e destaque para o crédito pessoal (+21,1%), crédito imobiliário (+17,0%) e crédito rural (+7,4%).
As operações com pessoa jurídica tiveram redução de 0,6%, totalizando R$ 293,6 bilhões. O segmento de micro e pequenas empresas (MPE) totalizou R$ 161,0 bilhões, com alta de 5,3% em doze meses, enquanto a carteira de grandes empresas reduziu 6,9% no período, totalizando R$ 132,8 bilhões. A carteira de crédito para a América Latina teve aumento de 3,6% em doze meses, mas diminui 6,2% no trimestre, atingindo R$ 198,4 bilhões.
Fonte: SP Bancários