Especialistas temem repetição de erros da covid.
Redação Rede Brasil Atual
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alerta hoje (26) sobre a disseminação da varíola dos macacos no Brasil. Para a entidade, a situação é “muito preocupante”, pois a doença segue em ascensão em todo o mundo. E não é diferente no país, que já registra mais de 800 casos, sendo que especialistas alertam que existe ampla subnotificação. Para o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Nésio Fernandes, o país “corre risco de repetir erros cometidos na pandemia de covid-19“.
Assim como diante do coronavírus, o país parece falhar ao realizar testes e rastreio de contágio. “Precisamos de uma coordenação nacional para atualizar e padronizar a estratégia em todo o território e não permitir que o monkeypox (varíola dos macacos) se torne uma ameaça ainda maior”, disse, em entrevista à BBC. “Sem coordenação nacional, a aquisição de insumos, medicamentos e tecnologias também fica muito mais difícil”, completou.
De fato, a líder técnica da OMS para a doença, Rosamund Lewis, disse que a situação no Brasil é preocupante. “É importante que as autoridades assimilem a emergência de saúde pública de interesse internacional, das recomendações temporárias e tomem as medidas adequadas”. Ela completou: “O que é criticamente importante é o acesso aos testes, e talvez até o acesso ao teste não esteja disponível em todos os lugares”.
Varíola dos macacos e emergência
No sábado, a entidade classificou o surto de varíola dos macacos como “emergência de saúde pública internacional“, estágio elevado de alerta, como ainda é o caso da covid-19. Trata-se de uma situação em que a OMS pede coordenação internacional e ações direcionadas de governos federais para frear o avanço da doença. A declaração de emergência visa, em especial, a orientar o mundo sobre recursos para o enfrentamento do vírus, além da notificação pública dos casos.
Na coletiva de hoje sobre a situação brasileira, a OMS ressaltou que ainda é possível interromper o surto. “Neste momento, ainda acreditamos que este surto de varíola dos macacos pode ser interrompido com estratégias certas nos grupos certos. Mas o tempo está passando e todos precisamos nos unir para que isso aconteça”, disse Rosamund. Até o momento, 75 países já detectaram a doença, e o número de casos passa de 16 mil. O Brasil está entre os 10 mais afetados, em especial o estado de São Paulo, com mais de 500 casos confirmados.
Transmissão e sintomas
Até o momento, essa cepa circulante da varíola dos macacos vem se apresentando como menos mortal do que a covid-19 e também de contágio mais retardado. O que preocupa é o período longo em que uma pessoa pode transmitir a doença, algo em torno de 40 dias. O contágio se dá através do contato com secreções de pessoas contaminadas e com superfícies contaminadas. Especialistas seguem ampliando estudos para entender melhor a transmissão. Contudo, o que já se sabe, é que o contato íntimo sexual é o maior fator de risco.
De fato, estudo publicado na última quinta-feira (21) no New England Journal of Medicine ponta que 95% dos casos registrados na Inglaterra foram reportados a partir de relações sexuais. Ainda existe uma predominância entre homens que praticam sexo com outros homens, como reportagem anterior da RBA já explicou as possíveis razões e o caminho da ciência para entender o fato.
Fonte: Brasil de Fato