O aguardado filme trata da jornada do Doutor Estranho rumo ao desconhecido.
Além de receber ajuda de novos aliados místicos e outros já conhecidos do público, o personagem atravessa as realidades alternativas incompreensíveis e perigosas do Multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.
4,0 – Muito bom
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
Marvel tocando o terror… literalmente
por Katiúscia Vianna
Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) são alguns dos personagens mais poderosos da Marvel. Por sua vez, o Multiverso tem papel central na Fase 4 de tal universo cinematográfico. Logo, as expectativas são altas para qualquer fã… sejam os saudosos pela genialidade de WandaVision ou para aqueles que desejam ver “fogo no parquinho” do MCU. Ainda mais quando anunciaram que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura teria um pezinho no gênero terror — uma cortesia do cineasta Sam Raimi.
Qual é a história de Doutor Estranho 2?
Sempre fazendo mistério, os trailers de Doctor Strange in the Multiverse of Madness (no original) sugeriram que o longa teria algo a ver com as consequências dos atos de Stephen Strange, conhecido por quebrar regras — vide seu primeiro filme, Vingadores: Guerra Infinita e até mesmo Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. E isso é verdade. Porém, a historia do projeto também está conectada com uma das novas personagens da franquia de heróis.
Trata-se de America Chavez (Xochitl Gomez), uma jovem com o poder de abrir portais dentre diferentes realidades do Multiverso. Tal habilidade está sendo cobiçada por um inimigo misterioso, então sobra para Strange e Wong (Benedict Wong) proteger a garota. Para essa missão, Stephen pede a ajuda de Wanda Maximoff, que vive isolada desde os acontecimentos de WandaVision, mas pode ter seus próprios interesses quando o assunto é Multiverso.
Isso culmina numa viagem dentre diversas realidades, onde outras figuras da vida de Strange ganham importância, como sua amada Christine Palmer (Rachel McAdams) e o rival Mordo (Chiwetel Ejiofor). Obviamente, uma aventura pelo multiverso ainda promete grandes surpresas para os fãs, cujos spoilers não vamos revelar nessa crítica, mas foram capazes de arrancar gritos na sala de exibição do longa.
Sam Raimi traz terror para a Marvel
Gritos de surpresa não foram os únicos presentes na sessão lotada disponível para a imprensa. Também era possível conferir alguns sustos dentre os presentes, a ponto do pessoal se retorcer na cadeira. Não é nada horripilante como Invocação do Mal ou It – A Coisa, porém existe um toque de terror em certos momentos da história, principalmente em seus vilões, mas ainda mantendo sua classificação etária típica de filme da Marvel.
Por falar nisso, quem reclama da “fórmula Marvel” pode se surpreender de forma positiva com Doutor Estranho 2, já que o estilo de Sam Raimi está presente ao longo de toda a produção — seja nos movimentos de câmera ou no uso criativo da magia. Dentre efeitos de CGI, batalhas com reflexos e incorporando a trilha sonora no embate são bem especiais e trazem ar fresco para o gênero. Curiosamente, mesmo entre feitiçarias mil, tem sempre espaço para uma pancadaria “mano a mano”, mas ok.
No grande esquema das coisas, o filme já começa com ação, pois a essa altura do campeonato, todo mundo já sabe (ou pelo menos é obrigado a saber) o contexto por trás das dezenas de filmes e séries da Marvel, então introduções são desnecessárias. E consegue manter esse ritmo por boa parte da aventura, talvez deixando a complexidade emocional de seus personagens de lado. Existem momentos tocantes (especialmente envolvendo Wanda e America), mas pouco tempo é investido nisso, pois temos um Multiverso a explorar em apenas duas horas.
O encontro de Doutor Estranho e Feiticeira Escarlate
Espetacular visualmente e sagaz em sua quebra de expectativas, a trama de Doutor Estranho 2 fica realmente dividida em jornadas individuais de heróis que perderam tudo e buscam sua felicidade — cada um de maneira diferente. É bem difícil falar sem dar spoilers, então me perdoem pela falta de especificidade nesse momento. Mas posso dizer que tem gente que deseja recuperar aquilo perdido, enquanto outra galera faz tudo pelo o que considera certo. Se esses personagens acabam fazendo caminhos opostos na narrativa, compartilham essa determinação do “a qualquer custo”, o que torna a história ainda mais trágica.
Diante de um Multiverso onde suas versões alternativas são tão complicadas quanto ele, Stephen Strange se encontra num lugar triste ainda. Ele ama Christine, mas não sabe amar; ele é herói, mas não sabe ser um modelo de caráter. E quando todos os seus defeitos são jogados na sua cara por uma aventura mística, o que fazer? A resposta certa seria terapia, mas no contexto da Marvel, o personagem de Benedict Cumberbatch terá que enfrentar seus demônios na base da magia e perseverança.
Por sua vez, temos Feiticeira Escarlate, uma personagem que finalmente ganha o destaque merecido desde WandaVision, após ser figurante de luxo na saga Vingadores. Serei completamente sincera, Wanda Maximoff pode fazer qualquer coisa que eu aplaudo, mas vou tentar controlar meu lado fangirl nesse texto. Na primeira série da Marvel Studios, o público foi capaz de entender os traumas e luto da moça de maneira brilhante. Aqui, sua jornada divide espaço com Strange (afinal, é o nome dele no título) e não entrega a mesma profundidade, porém a performance de Elizabeth Olsen mostra como ela domina o papel e a orienta para o caminho que a Marvel decidiu. Não sou a maior fã dessa decisão, mas funciona pra esse filme — principalmente numa determinada cena de luta. Você vai perceber qual, não se preocupe…
Vale a pena assistir Doutor Estranho no Multiverso da Loucura?
Muito se debate sobre o que esperar de uma obra da Marvel. Ainda mais agora que cada filme e série também serve como catapulta para outros projetos da franquia. Tem que ser uma história em si só, mas também ser um comercial para o que vem por aí, é verdade. Principalmente numa trama com o Multiverso, onde você tem a desculpa de usar qualquer personagem, em qualquer versão, em qualquer lugar. Ou seja, por um lado temos a dinâmica sempre divertida de Strange e Wong, mas também temos a promessa da carismática America Chavez. E, querendo surpreender, a narrativa ainda traz os spoilers que muitos já tentam debater mesmo sem terem visto o longa.
Diante de tamanha grandiosidade, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura carrega um espetáculo de entretenimento, porém não esquece (muito) que amamos investir naqueles rostinhos presentes ali na tela, em suas histórias e corações. Mesmo assim, sua entrega de fan service, com um toque de terror no uso criativo de efeitos e magias, vão deixar o público satisfeito. Afinal, se você vai colocar a palavra “loucura” no seu título, o mínimo que espero é algo insano de ver na telona. E nisso, a Marvel não decepciona.
Fonte: Adoro Cinema