Medida seria mais um capítulo na tentativa de Jair Bolsonaro de tirar a gestão do microcrédito de ONG cuja ex-presidente é filiada ao PT.
O governo Bolsonaro avalia transformar o Banco do Nordeste (BNB) em uma subsidiária da Caixa Econômica Federal. O Planalto vem tentando mudar a entidade que gere a carteira de microcrédito do BNB após reclamações do partido de Bolsonaro, o PL. Caso o plano siga adiante, o governo enviará uma medida provisória ao Congresso Nacional com as mudanças.
Tudo começou em setembro, quando o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, divulgou um vídeo pedindo a cabeça de toda a diretoria do BNB. Como motivo, ele apontava que a então presidente do Instituto Nordeste Cidadania (Inec), gestora dos programas de microcrédito rural e urbano do banco, era filiada ao PT. O PL é o partido escolhido por Bolsonaro para disputar a reeleição neste ano.
Desde então, o BNB trocou de presidente e abriu uma licitação para substituir o Inec na gestão do microcrédito urbano. Nada disso foi suficiente, contudo: a ONG continuará tocando o programa pelo menos até o fim do primeiro trimestre deste ano, com um repasse mensal maior.
Diante do insucesso das medidas tomadas até agora, a nova cartada seria passar o comando do banco para o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, próximo de Bolsonaro e um dos poucos integrantes atuais da equipe econômica que iniciaram o governo.
A alteração, se levada a cabo, gerará controvérsia. O BNB é um assunto espinhoso. Uma mudança desse calibre na instituição financeira deve gerar reclamações de lideranças regionais, que têm apadrinhados na instituição.
Além disso, colocar o BNB sob o guarda-chuva da Caixa e não fazer o mesmo com o Banco da Amazônia, seu equivalente para a região Norte, levaria a críticas de politização do banco. Para os nordestinos, poderia soar como uma perda de autonomia para a região na comparação com o Norte.