Os indicadores de emprego e renda divulgados pelo IBGE sinalizam o pior dos mundos para este final de ano, impondo um cenário desesperador para os mais pobres. Desde maio, o desemprego aumentou em 27%, totalizando 12,9 milhões de brasileiros, 2,9 milhões a mais do que o registrado em maio.
Ao mesmo tempo,107 milhões de lares serão atingidos com a redução pela metade do auxílio emergencial a partir deste mês, também de acordo com o instituto. A falência de cerca de 700 mil pequenos negócios até junho completa o cenário do desastre econômico e social.
Segundo o IBGE, a população ocupada no mercado de trabalho é de 84,4 milhões de pessoas, o que representa uma baixa de 2,7% na comparação com maio. Os maiores índices de pessoas desocupadas estão no Nordeste (15,7%), no Norte (14,2%) e no Sudeste (14,0%). O Centro-Oeste (12,2%) e o Sul (10,0%) tiveram taxa inferior à média nacional. A Região Sul foi a única a apresentar queda da população desocupada na passagem de julho para agosto. A taxa de desocupação ficou em 13,6%.
Em seu discurso mentiroso na ONU, Bolsonaro tentou culpar covardemente o isolamento social, ou seja, o combate responsável à pandemia, e os governadores pela crise econômica.
“Quem essa turma das fake news acha que engana ao tentar dizer que a culpa do aumento nos preços do arroz e feijão é do isolamento social? Vocês acham que os brasileiros não lembram que Bolsonaro enfraqueceu a economia do país já em seu primeiro ano de governo?”, questionou o senador Rogério Carvalho (PT-SE). Líder da bancada do PT no Senado Federal, ele lembra que o PIB do país em 2019 cresceu apenas 1,1%, na comparação com o ano anterior.
Redução do auxílio emergencial
De acordo a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), divulgada pelo IBGE, mais da metade da população brasileira vivia em lares beneficiados por algum tipo de auxílio relacionado à pandemia em agosto. Dos 211,154 milhões de habitantes do país, 107 milhões moravam em domicílios em que ao menos uma pessoa da família recebia alguma ajuda emergencial.
Apenas nas regiões Norte e Nordeste, 60% da população será afetada com perda de renda, resultando no retorno da fome para milhares de lares brasileiros. Agravando ainda mais a situação, os trabalhadores também perderão renda com a desativação definitiva dos contratos de trabalho “congelados” durante a pandemia e bancados em parte pelo governo.
O desemprego e a perda de renda ocorrem em um momento em que a economia paga o preço da opção do governo Bolsonaro pelos ricos, em especial os bancos e o agronegócio. De março a junho deste ano, 698.600 mil dos 17,2 milhões de pequenos negócios no Brasil tiveram as suas atividades encerradas definitivamente, como já noticiamos.
De acordo com o IBGE, este número equivale a 99,8% do total de 700 mil empresas de todos os portes que faliram nos primeiros meses deste ano. O setor é responsável por mais de 70% dos empregos no país. Para piorar ainda mais a situação, o desgoverno Bolsonaro promove o que deve ser o maior programa de redução do gasto público do mundo.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2021, enviado em 31 de agosto para o Congresso Nacional, ignora os impactos da pandemia do coronavírus em 2021 e reduz a despesa primária – investimentos públicos – em oito pontos do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2020 e 2023, de 27,6% para 19,8%. Com a medida, o salário mínimo, por exemplo, não será reajustado em termos reais (considerando o PIB de 2019). Se o governo desse o reajuste real (considerando PIB de 2019, de 1,1%), o valor seria R$ 1.079, e não os R$ 1.067 previstos.
Fonte: Seeb/SP