Apesar da fraqueza da economia brasileira, os bancos que operam no País registraram nos 12 meses encerrados em junho deste ano um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 15,8%, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado nesta quinta-feira, 10, pelo Banco Central. Esse porcentual é o maior para o acumulado em 12 meses desde março de 2012, quando o ROE estava em 15,9%.
O ROE é um dos principais indicadores de rentabilidade de uma empresa: ele aponta a capacidade de geração de valor da instituição, considerando seu patrimônio.
O retorno dos bancos brasileiros é superior ao de boa parte do verificado em outros países. Dados mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que o ROE brasileiro é superior ao de países como Turquia (14,2%), China (13,2%), Austrália (12,9%), Rússia (11,1%), Reino Unido (7,5%), Japão (7,3%) e França (6,5%).
Entre os países com ROE superior ao brasileiro no setor bancário estão Argentina (55,8%), México (20,9%), Canadá (19,8%) e Indonésia (16,4%). Todos os porcentuais são de 2019.
Os dados do BC mostram ainda que o lucro líquido dos bancos nos 12 meses até junho deste ano somou R$ 109,5 bilhões. Em valores nominais, é o maior valor da série histórica, iniciada em dezembro de 2011.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, destacou, durante a apresentação dos números, que desde o auge da recessão, em 2016, o lucro líquido dos bancos saltou de R$ 67 bilhões para R$ 109,5 bilhões agora. “Para manter essa lucratividade, os bancos terão de aumentar o volume das carteiras ou alterar o mix de produtos, partindo para modalidades de maior risco”, avaliou.
Souza explicou que o principal efeito do processo de redução da Selic, a taxa básica de juros na rentabilidade dos bancos foi percebido em 2019. De agosto de 2016 para setembro de 2019, a Selic caiu de 14,25% para 5,50% ao ano. Este ano “a curva de juros teve uma queda consistente”, disse, o que reduziu o custo de captação dos bancos e favoreceu o retorno.
Ele afirmou, no entanto, que o efeito trazido pela queda do custo de captação dos bancos foi assimilado. “Se os bancos não mudarem o mix ou aumentarem o volume, não terão mais tanto resultado com juros”, pontuou.
Fonte: Estadão