Números confirmam tese dos sindicatos e derrubam posição dos bancos que diziam que a categoria estava se contaminando fora do local de trabalho.
O secretário de Saúde da Contraf Mauro Salles apresentou, no Encontro Nacional de Saúde do Banco do Brasil, realizado no sábado (27), resultados da pesquisa feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizada na sociedade, de um modo geral, mas, que a pedido do movimento social, focou números específicos da categoria bancária. A pesquisa é fundamental para pautar as reivindicações dos sindicatos para proteger os bancários neste momento ainda de alto risco da pandemia da Covid-19, em especial com as variantes do vírus e o contexto de mal estar gerado na categoria em função da crise econômica e sanitária, das mudanças dos bancos para um modelo de negócio e com as reestruturações e os problemas de saúde gerados pelas sequelas do vírus. Cerca de 650 bancários responderam a pesquisa.
“Todos os bancários entrevistados tiveram Covid-19. Deste total, 64,9% dos contaminados estavam em trabalho presencial, 24% em home Office e 9% no sistema misto. Isto comprova que o trabalho presencial aumenta a possibilidade de contágio, contrariando o que os bancos diziam de que os bancários estavam sendo contaminados em casa, fora do local de trabalho”, explica Mauro.
As sequelas da covid
Em relação às funções exercidas pelos bancários contaminados pela covid, 74% trabalham nos setores de atendimento ao público e 25% em áreas administrativas.
“Um dado preocupante é de que 17% dos trabalhadores tiveram que ser hospitalizados, pois tiveram caso grave, sendo que alguns foram para a UTI. O índice de reinfecção também é alto, quase 10%”, disse o sindicalista.
“Outro dado preocupante é que seis meses após o contágio, as sequelas da covid continuam aparecendo. Somente 20% dos entrevistados disseram não sentir nada neste período pós-pandemia”, acrescenta Mauro. Os bancários reclamaram de cansaço, fadiga, perda de memória, sintomas depressivos e sonolência. Quase 60% reclamam de cansaço e quase metade disse ter depressão e 54% declaram ter, às vezes, pânico. Já 47% responderam que raramente se sentem alegres no trabalho.
Outra pesquisa feita pelo Ministério Público do Trabalho revelou que 74,2% dos bancários disseram ter trabalhado com um colega que se infectou com o vírus da covid ou outra doença.
“Apenas 29% disseram que os colegas de trabalho infectados foram imediatamente afastados, o que é um absurdo, pois na verdade 100% dos trabalhadores contaminados teriam que deixar o ambiente de trabalho”, afirma.
Os bancários reclamam ainda que falta ventilação no ambiente de trabalho bancário, especialmente as agências.
Emissão de CAT
Os bancos não estão reconhecendo a covid como doença do trabalho e não estão emitindo CAT (Comunicação de Acidentes do Trabalho): 76,9% dos entrevistados disseram que os bancos não emitiram o documento.
“Esta é uma luta que os sindicatos estão travando com os bancos, que não reconhecem a covid como doença do trabalho”, afirma Mauro.
Ao final, Mauro destacou o quanto é importante um levantamento científico de dados para pautar as reivindicações dos sindicatos na defesa da saúde e na proteção da vida dos bancários.
Fonte: Imprensa SeebRio