Apresentamos dados que comprovam que os bancos não têm por que demitir, uma vez que continuam lucrando alto. E cobramos deles que tenham responsabilidade social e não demitam durante essa crise sanitária sem precedentes.
> Primeira rodada: Sindicato negocia regulamentação do home office
O cinco maiores bancos – Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa – lucraram juntos R$ 108 bilhões em 2019, um crescimento de 30,3% em relação a 2018. O bom desempenho se mantém mesmo com o agravamento da crise pela pandemia de coronavírus: somente no primeiro trimestre deste ano, eles já lucraram R$ 18 bilhões.
Embora sejam o setor mais rentável da economia, os bancos dão um péssimo exemplo para o país ao cortarem postos de trabalho. O movimento sindical conquistou, no início da pandemia, a interrupção das demissões nos bancos. Com isso houve uma redução de 58% dos desligamentos em abril e maio, em relação ao primeiro trimestre do ano, mas mesmo assim os banco demitiram, principalmente o Santander que, no segundo trimestre deste ano, em plena pandemia, registrou o corte de 844 postos de trabalho.
> Prioridade dos bancários é preservar empregos e direitos
Diante da crise agravada pela pandemia, os bancos provavelmente usarão uma dupla estratégia para reduzir custos fixos (despesas de pessoal e despesas administrativas) e manter seus lucros nas alturas: intensificação da digitalização e do home office. Com um investimento ainda maior em tecnologia, o desafio para a categoria é preservar os empregos.
O uso da tecnologia deveria resultar em ganhos para todos os envolvidos no processo: empresas, clientes e trabalhadores. Mas não é o que ocorre no setor bancário, onde os clientes continuam pagando uma das mais altas taxas de juros do mundo, e os empregos estão sendo extintos, com aumento da sobrecarga para os trabalhadores, mesmo nas agências digitais. Por isso uma das nossas maiores reivindicações da Campanha deste ano é a manutenção dos empregos e melhores condições de trabalho. E os bancos podem tranquilamente atender nossas demandas, uma vez que são lucrativos e rentáveis.
Agências fechadas
Foi apresentado também aos representantes da Fenaban a questão do fechamento de agências bancárias. De dezembro 2019 até junho deste ano, foram fechadas no país 558 agências bancárias. Nos últimos 12 meses, a média mensal de agência fechadas chegou a 100. O Comando destacou que isso também é irresponsabilidade social, pois a população precisa de atendimento bancário. Além disso, o fechamento de agência leva à redução de empregos entre seguranças e pessoal da limpeza.
Segundo o IBGE, o contingente de desempregados no país hoje chega a 12,8 milhões. Mas é muito maior, se for considerado os 19 milhões que deixaram de procurar emprego, muitos impactados pela própria pandemia que restringe a procura.
Digitalização
Os representantes da Fenaban argumentaram que a redução do número de agências tem de levar em conta uma mudança na cultura dos clientes, que diante da pandemia passaram a usar mais o atendimento digital. Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando, a pandemia revelou outra realidade. “As agências são necessárias, sim. Isso a pandemia demonstrou. Há uma grande exclusão de pessoas, que estão fora do sistema bancário, que não têm conta bancária. Uma parte da população não tem acesso à internet, não tem celular e nem computador em casa. O que percebemos é que as pessoas vão nas agências”, disse Ivone.
Os representantes da Fenaban pediram um tempo para discutir as propostas apresentadas nesta quinta-feira. Disseram que vão reunir representantes dos bancos na semana que vem para avaliar as propostas dos bancários sobre defesa do emprego.
Comando e Fenaban voltam a se reunir na terça-feira 11, quando debatem as reivindicações de Saúde e Condições de Trabalho. Veja o calendário da Campanha Nacional dos Bancários 2020.
- Fonte: Redação Spbancarios, com informações da Contraf.
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